2 de setembro de 2010

SOB A MIRA DA LANTERNA

Que eu tinha cara de traficante mexicano, eu já sabia. Mas que também levantaria suspeitas como ladrão de carro, descobri nesta madrugada. Não é que fiquei sob a mira da lanterna de um Policial Militar, na rua que passa do lado do jornal, a dez metros da portaria lateral? Pois é. Saí do jornal por volta de uma, uma e pouco da manhã e segui para meu carro. Quando estava no veículo — um Escort álcool ano 86 que dá muito trabalho para pegar em dias frios (o injetor de combustível está estragado) —, tentando dar a partida, uma viatura da Polícia Militar passou na Avenida Eliza Verzola Gosuen e retornou, subindo pela rua onde eu estava. O Escort já estava funcionando e a viatura fechou minha passagem e desceram dois PMs, um com a lanterna na mão e os dois com uma das mãos no revólver. Levei um susto danado e, diante da pergunta do policial ("Tudo certo aí?"), só consegui responder: "acabei de sair do trabalho; trabalhei até agora no Comércio). Ele iluminou-me com a lanterna, iluminou o interior do carro e passou para o outro lado, iluminando a ignição para ver se a chave estava lá. Aí percebi que ele me achou com cara de ladrão de carro. Caso eu estivesse num carro mais novo, que pegasse na primeira, será que ele voltaria? Ou então, caso passasse por mim, mandaria que eu parasse? O que teria acontecido se ele me flagrasse com o capô aberto, em plena rua, para injetar combustível? E se fosse outra pessoa roubando meu carro, será que eles teriam a atenção despertada? Tudo por causa do excesso de peso? Ainda estou para entender o que leva estes policiais a desconfiarem de gente de bem e não desconfiarem de verdadeiros marginais? Agora fico com um pé atrás: chego mais tarde à espera de uma vaga no estacionamento interno do jornal. Porque ficar sob a mira da lanterna do policial, embora não pareça, faz a gente ter medo de acabar no fundo de uma cela mesmo sem ter nada a temer.

6 comentários:

Anônimo disse...

Traficante mexicano é preso em Franca (SP) tentando roubar um Escort ano 86 à álcool.A cena foi retratada pelos espíritos dos pintores/fotógrafos amadores Salvador Dali, Pablo Picasso e Miró, que vieram especialmente para cobrir o flagrante.

Sidnei Ribeiro disse...

Do jeito que está coisa, ninguém melhor do que Botero para retratar a cena.

Núcleo Artiloka disse...

Sidnei, não sabia deste seu lado humorístico, continue alimentando nossa curiosidade!

Bjokas

Lívia Inácio disse...

hauahauhauahauhaua

Não é pra rir...Mas que foi engraçado foi,Sidão! huahau

Sidnei Ribeiro disse...

Na hora a gente não acha graça, mas no dia seguinte já fazia piada. Estas coisas só acontecem comigo, mesmo...

Unknown disse...

Prezado Sidnei; Não achei a atitude dos policiais preconceituosa. Simplesmente não o conheciam e foram checar. Imagine se de fato fosse um ladrão tentando roubar seu carro? Ele estaria a salvo. Não há como determinar se uma pessoa é criminosa ou pessoa de bem, simplesmente olhando para ela.