IMBECILIDADES

Há perguntas que não merecem respostas. Há outras, imbecis demais, que merecem uma resposta cretina. De vez em quando, o olhar severo da minha Preta barra meus pensamentos mais idiotas e cretinos, fazendo-me engolir a seco a frase que estava na ponta da língua. Ontem mesmo, quando eu acompanhava minha esposa num ambulatório do Hospital Unimed, passei por um destes momentos. Minha esposa espetada no soro (virose alimentar, disse a médica), a enfermeira entrou, olhou-me sentado numa cadeira ao lado e perguntou: "Você é acompanhante"? Tive vontade de responder: "Não! Tô esperando o bonde!". Mais de uma vez já me abordaram e lançaram de pronto: "Poxa, mas você é gordo, heim?". E a resposta, pronta, mais uma vez foi engolida: "Imagina! É que sou baixo demais para o meu peso. Tivesse três metros, estaria no peso ideal"...
E tem mais:

Ao me ver diante de um prato daqueles:
— Tá com fome?
— Não! É que gosto de olhar arroz, feijão e bife arrumadinhos.

Vendo-me suar em bicas depois de um esforço:
— Cansou?
— Imagina! Estou treinando pra ser fonte da praça.

Estando eu dentro do carro saindo da garagem:
— Vai sair?
— Não! É que adoro deixar o carro no meio da rua.

Na fila do cinema:
— Vai ver o filme?
— Não! Entrei na fila só por diversão.

Drikinha me chama de papai no supermercado e aí algum conhecido pergunta:
— Sua filha?
— Não! É que ela chama todo homem que encontra assim pra ver se descobre quem é o pai dela.

Se alguém me vê chupando uma manga:
— Gosta de manga?
— Não! É que gosto de deixar minha boca amarela.

Vendo-me entrar numa loja de roupas:
— Vai comprar roupas?
— Não! É que achei que aqui era o açougue.

Vendo-me comprar picanha, carvão, cervejas e refrigerantes:
— Vai fazer churrasco?
— Não! Tô levando tudo pra dar pra minha cachorra Belinha.

Estas são apenas algumas das imbecilidades que colhi e, se a Drikinha me ajudar, vou acabar lembrando-me de outras, já que ela tem o pavio curto como o meu, adora dar respostas enviesadas. Como já dizia minha mãe, quem sai aos seus não degenera, né?