26 de setembro de 2006

OS TIMES DO MEU PAI - 1

O meu amigo Neulys (estudamos e jogamos basquete juntos na Usina Junqueira, entre outra coisas; só não lembro do soco no estômago, viu?) trouxe-me à lembrança os anos 70 naquele lugar tão mágico e especial para todos que tivemos o privilégio de nascer e viver por lá! Lembro-me claramente de alguns fatos envolvendo meu pai e os times de futebol de salão que ele dirigiu ali na usina, nos primeiros cinco anos da década de 70. Muitos dos jovens de então passaram por um de seus times (entre mirim, infantil e juvenil, além do adulto, papai chegou a treinar cerca de 10 equipes, pois tinha os times A, B, C e daí por diante). Para se ter uma idéia da grandiosidade da coisa, nos dias de treinos papai saía de casa na pracinha já acompanhado de uns cinco meninos (os treinos eram três vezes por semana, se não me engano), como o Dunga (que morava ao lado) e mais alguns que residiam por perto ou iam até em casa para não deixar o "sêo" Sebastião atrasar. E conforme ia seguindo para a quadra (ao lado da Igreja), o cordão ia aumentando com a garotada já animada com os treinos. Era uma algazarra: papai com a bola debaixo do braço e uma molecada à sua volta. E o sêo Sebastião era um craque como técnico: pegava garotos que nem sabiam direito chutar a bola e, depois de alguns meses, criava ótimos jogadores. Neste tempo, lapidou craques. Tinha uma capacidade de reconhecer as qualidades de seus jogadores que nunca vi igual. E ele adorava futebol de salão. A mim, deu-me oportunidade de apenas treinar (dizia que nunca deixaria eu jogar para não ser acusado de me proteger; mas deve ser por eu ter sido um perna de pau mesmo) e acabei conhecendo a fundo as regras e passei a apitar os treinos e até jogos dos garotos. Até o dia em que o professor Nicolau resolveu me colocar para apitar um jogo de times adultos e só não fui linchado (eu era cri-cri e rigoroso ao extremo) porque o Babão estava na quadra e todo mundo respeitava meu irmão mais velho que, como vocês sabem, era meio doido. Mas a história do papai com o futebol de salão é interessante. Um dia, ele resolveu (com ele era assim, resolvia e pronto) que iria montar times de futebol de salão (a quadra ficava inteiramente ociosa, entregue a vândalos e só utilizada para algumas atividades da Educação Física do Ginásio). Com a chegada do Nicolau na Usina, a idéia tomou força e papai foi a Igarapava e comprou o mais moderno (na época) livro de regras e táticas do futebol de sãlão. Voltou pra casa, começou a ler e acabou assimilando da forma mais incrível que já vi. O livro me interessou e eu acabei lendo e aprendendo também (totalmente as regras e nada das táticas), o que me levou a virar juiz. Papai só aceitava os garotos que apresentassem uma autorização assinada pelo pai. Mas tinha suas restrições: se não gostava do garoto, ele não entrava no time. E alguns ele nunca deixou participar. Qualquer problema na escola (uma suspensão, por exemplo), tirava o garoto da equipe. E os treinos viravam uma festa, com aquela molecada toda sentada em volta da quadra e ele ali, orientando e formando times inesquecíveis e fortíssimos. De vez em quando, treinava o time adulto, que tinha meu irmão Hamilton (ou então o Sérgio 'Tucano') no gol, Wilson, Chicão, Hélio, Waltinho, Almir (será este o nome mesmo do irmão do Alceu?), Roberto Chineca e vários outros, cujos nomes me fogem, trinta e cinco anos depois de tudo isso. Deixo para um próximo post mais informações sobre papai e o futebol de salão.

3 comentários:

Anônimo disse...

Perna de pau sofre na mão de pessoas como o seu pai...Um perfeccionista. mas eu me lembrei do tempo em que seguia a minha professora quando ela passava na porta de casa indo para a escola.Bons tempos aqueles.

Anônimo disse...

Relembrar o passado é muito gostoso, não é, Sidnei?

Sidnei Ribeiro disse...

É Magui, também fiz muito disso: acompanhar a professora que passava na porta da minha casa até a escola. Então, Sonia, não há coisa melhor do que manter frescas na memória o que nos traz boas lembranças...