Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
9 de agosto de 2006
MINHA CASA E OS 27 GATOS (1)
Já falei aqui sobre gatos e até que tivemos vinte e sete deles. Uma gataria federal. Hoje, estava eu quieto no meu canto quando comecei a me lembrar de alguns deles, que tinham particularidades interessantes. O primeiro gato que eu tive (e já tinha que 'dividi-lo' com a dona Varina, que morava duas casas acima da minha, na rua Quatro) foi o Chaninho. Um gato tranqüilo, bem gordo, que dormia praticamente o dia todo. Eu tinha por volta de cinco anos quando resolvi que era barbeiro e iria cortar os bigodes de Chaninho. Imaginei, resolvi e executei. Não sei se por causa da minha intervenção, o Chaninho nunca mais foi o mesmo. Ficou ainda mais preguiçoso e dorminhoco, não servindo nem para caçar um simples camundongo: um dia, um deles saiu correndo de um quartinho que tínhamos no quintal de casa, onde mamãe armazenava farelo de milho e milho em grãos para as galinhas, passou a um palmo do focinho do Chaninho, que placidamente dormia no quintal aproveitando o sol da manhã, e ele só acompanhou a trajetória do bicho, nem se mexendo. Depois disso, o Chaninho passou a espaçar mais suas visitas à nossa casa, acabando por se bandear para a casa de dona Varina, onde a comida era mais abundante e não havia um moleque como eu a lhe cortar os bigodes ou a levá-lo para tomar banho numa bacia. Mais tarde, isso na década de 70, mudamo-nos para a casa número nove da pracinha (Praça Sinhá Junqueira). Assim que nos estabelecemos, mamãe percebeu que havia ali um gato angorá preto, totalmente arisco, que vivia rosnando para nós. Nossa surpresa foi alguns meses depois, quando descobrimos que o gato preto (que nominamos Pretinho) era uma gata. O nome ficou e esta gata foi responsável pelo aumento da população felina na nossa casa. Ela era insaciável: nem bem paria uma ninhada, já estava esperando outra. E foram nascendo os bichos, que minha mãe sempre batizava: lembro-me de Tufão, Tuim, Rajá e vários outros. E o (a) Pretinho continuava arisco, mas aceitando a aproximação da minha mãe, a quem acompanhava até a padaria, que ficava na esquina da praça, rosnando como se fosse uma pantera negra para quem se aproximava. Pretinho não aceitava que seus filhotes se tornassem dóceis, chegando a bater em alguns que iam aos colos de todos, esfregando-se nas pernas do mais próximo. Uma cena, pra mim, é marcante: minha irmã, Luci, usando uma daquelas calças do início da década de 1970 (chamada pantalona, de boca de sino e feita com um tecido grosso, da cor verde), amolando a faca no tanque para cortar bifes e uma infinidade de gatos em volta dela. À primeira afiada da faca na pedra, saíam gatos de todos os locais imagináveis e inimagináveis, de todos os tamanhos, cores e raças. Os filhotinhos chegavam a subir pela calça da minha irmã, com suas garrinhas afiadas, para ganhar nacos de carne primeiro. A visão daquele mundo de pelos e o barulho dos miados acabou gravando-se na minha retina de forma indelével. Da próxima vez, prometo falar mais dos gatos da dona Altiva, inclusive alguns que se tornaram quase parte da família (o Cat e o Tigrinho), que tinham atitudes surpreendentes para animais irracionais.
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Um comentário:
Sidnei, vim visitá-lo, mas para uma 'visita de médico', pois estou atarefadíssima nesses dias, com muito trabalho a entregar.
Mas voltarei aqui para ler suas observações cotidianas e aguardo a continuidade de suas passagens lá nas Arenas.
Abraço!
Olga
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