Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
21 de julho de 2006
MAIS UMA DO BABÃO
Meu irmão Eurípedes, o 'Babão', era uma pessoa completamente irresponsável. Na maioria das vezes, não media as conseqüências do seu ato. Como numa vez em que amarrou um garoto que queria ir com ele e os amigos à beira do rio Grande (ele gostava de atravessar o enorme rio a nado) e o atirou dentro d'água, quase matando o garoto afogado (os amigos retiraram o menino do rio). Quando morávamos na rua 4 e papai era o "mestre" da escola de samba da Usina (tem fotos deste tempo no Fotoblog do Luizinho), normalmente os ensaios eram na nossa casa que, mesmo pequena, recebia os abnegados que gostavam do samba e formavam a bateria da escola. Isso por volta de 1968, 1969. Lembro-me do Antônio dos Santos, do Iraílton (que ensinou-me a sambar, coisa que os anos e os quilos a mais foram tirando), do Oswaldo Júlio e do irmão dele, meu padrinho Mapuaba (Deolindo Valério) e muitos mais. Pois aconteceu o ensaio e o José Wilson, vizinho como outros garotos, estava lá apreciando. Findo o ensaio, Babão e os amigos decidiram ir ao rio Grande para nadar. E foram dispensando as crianças, uma a uma. José Wilson insistiu em ir e meu irmão sempre negando. Quando todo mundo saiu de casa, mamãe percebeu que José Wilson estava sentado na cama do Babão. Sentado, quieto, com as mãos para trás, olhando fixamente para ela, com um cobertor sobre as pernas. Ela conversava com ele e o garoto (devia ter uns treze, 14 anos, se não menos), olhos arregalados, só ouvindo. Encafifada com aquilo, ela foi chegando perto e aí percebeu: ele estava com as mãos para trás, amarradas, o mesmo acontecendo com os pés. Depois de desamarrado por mamãe, José Wilson, ainda bastante assustado, saiu correndo pra casa dele, que era vizinha à minha (a casa de baixo, como falávamos). Foi a forma que o Babão encontrou de impedir que o garoto o seguisse até as margens do Rio Grande. Mais tarde, admoestado por mamãe, ele ria sem parar, afirmando que ou era aquilo ou era jogar José Wilson amarrado dentro do rio. Esta foi só uma das que mamãe teve de suportar com seu filho mais velho e irresponsável.
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