Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
12 de agosto de 2006
MINHA CASA E OS 27 GATOS (2)
Como disse no post anterior, cresci rodeado de felinos. Foram pouco mais de cinco anos morando na pracinha (como chamávamos na Usina Junqueira, já que o jardim era a praça maior, enorme mesmo como não vi igual em lugar nenhum até hoje) com aquela gataiada miando adoidado ao primeiro cheiro de carne (ou só com o barulho da faca sendo amolada). Mamãe adorava aqueles felinos e tinha predileção por dois: um, o Tigrinho, que acabou morrendo (junto com os 60 galináceos que mamãe criava no galinheiro) ao ingerir farelo de milho (que tinha sido contaminado por um herbicida poderoso ao ser armazenado, o BHC, descobrimos depois). O outro era o Cat, que como o Chaninho da rua quatro também tinha duas casas. O Tigrinho - um gato rajado, branco e cinza, cujo desenho da pelagem lembrava muito um tigre - um dia seguiu minha mãe desde o escadão (duas ruas abaixo da pracinha) até nossa casa e nunca mais saiu. Era um gato brincalhão e inteligente que, com o tempo, passou a ser o guardião do galinheiro: agia como um pastor, colocando para dentro do galinheiro os pintainhos que fugiam pela malha grossa da tela que cercava o local. E isso sem machucar nenhum deles. Além disso, dividia com eles a ração (o tal farelo de milho) com as galinhas: minha mãe molhava o farelo com água e colocava no cocho: o Tigrinho comia do lado de fora e as galinhas, dentro do galinheiro. E conviviam pacificamente. Um dia topamos com ele miando desesperadamente atrás da porta da cozinha, onde mamãe colocava bolas de mortadela, salsichas e linguiças, os quais utilizava para fazer lanches e salgados que vendia na cantina da quadra. Ele miava na esperança de que, a partir daquela ação, algum deles caísse. O que, obviamente, nunca aconteceu. Já o Cat, que antes de nos mudarmos da Usina já tinha trocado de donos também (se não me engano, bandeou-se para a casa da Jacira - acho que o nome era este -, mãe do Adriano, filha do sêo Izaltino), era o mais eficiente guardião das carnes que minha mãe comprava. Mamãe costumava comprar ossos de vaca ou boi para fazer sabão. Lá na Usina, antes da inauguração do supermercado, eles vinham cheios de carne que mamãe tirava para fazer sopas e outras iguarias... Atualmente, os ossos vêm totalmente descarnados, o que não acontecia no açougue da usina naquela época. Pois bem: ela costumava comprar em grande quantidade, colocando num saco de linho que, ao chegar em casa, colocava no chão da cozinha "de dentro" (havia ainda a cozinha "de fora", com um reluzente fogão de lenha), do lado da pia. Aí, o Cat deitava-se do lado (com o saco inteiramente aberto) e não deixava nenhum gato se aproximar para atacar a carne. E bem que eles tentavam, mas o gato usava a força para rechaçar todos. Mesmo minha mãe colocando um osso cheio de carne na frente dele, o Cat continuava ali, defendendo a carne. Ele só comia (e, aí, que nenhum outro chegava perto) quando minha mãe autorizava. Gato de responsa, esse heim?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Cara que gataiada mesmo.Vc sabia que os gatos comem passarinhos?E como n�o tem predador fica dificil aguenta-los nas ruas.Por aqui tem mt tico-tico que e pequeno e gosta de pousar no ch�o.Em sendo assim , gato comigo sofre pra caramba.
Gatos adoram passarinhos! Mas não são muito fãs de pintainhos não. Os meus atacavam os passarinhos presos nas gaiolas da vizinhança. Sabia que eles conseguiam tirar os bichinhos lá de dentro? Abração pra vc!
E o meu amigo voltou a escrever. Feliz retorno.
Pois é, meu amigo. Estive um tempo meio sem inspiração, mas agora estou retomando as coisas aqui. Estou sentindo falta de seus textos lá no seu blog e tb mais fotos da Usina!
Postar um comentário