21 de maio de 2006

POR CAUSA DAS ABELHAS

Depois das boas lembranças das pescarias no Rio Grande, lembrei-me de um fato ocorrido na Usina Junqueira em meados de 73. Tinha eu meus onze anos e papai resolveu ir pescar no pequeno córrego que passava a umas centenas de metros de casa, do lado da antiga máquina de arroz, separando a Usina da colônia Gordurinha (acho que era isso mesmo). Carregando toda a tralha (varas, linhas, chumbadas, minhocas e as sacolas de nylon para guardarmos o produto da pescaria), descemos a rua da Pracinha, entramos pelo portal que levava à máquina de arroz e aos fundos do supermercado e da padaria. Contornamos o velho prédio da antiga máquina de arroz e ao tomarmos uma picada que dava para o córrego (que chamávamos de córguim), fomos surpreendidos: um batalhão de abelhas atacou a mim e a meu pai, o que nos fez voltarmos correndo pra casa. E entre zumbidos, picadas e gritos (meus, claro!), tentávamos fugir da ferocidade daquele enxame. E eu fiz o pior: tirei o chapéu e as abelhas atacaram-me todo, cabeça, rosto, pernas (usava uma bermuda)... Subimos a rua da pracinha e quem estava longe não entendia a nossa correria e meus gritos. Os curiosos acabaram batendo na nossa casa, pra saber o que tinha acontecido. E encontraram mamãe correndo de mim para papai, tirando ferrões e colocando anil onde as abelhas tinham picado. Imagina que gracinha eu fiquei! Todo melecado de azul, boca inchada e cabeça cheia de caroços. Com a molecada (todos atletas dos times de futebol de salão de meu pai), chegou-se ao consenso: a pescaria não acabaria ali. E descemos todos para o Rio Grande, tralhas na mão (papai tinha dezenas de varas de pescar de bambu), fizemos a festa no "Paicambu", com quilos e quilos de lambaris (enormes), piaus, piaparas, mandis e bagres, além de cascudos. Que todos nós limpamos e mamãe fritou, para a festa da molecada e alegria de meu pai. Mais tarde descobrimos a razão da fúria das abelhas: o Luizão Beiçudo (sempre ele) tinha acertado a colméia delas com uma certeira pedrada, minutos antes que eu e papai passasse por ali. Como as abelhas não encontraram o autor da façanha, que estava bem escondido, sobrou pra nós!

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois eu já tive uma aventura semelhante com uma caixa de marimbondos (não eram os do Sarney) em que meu irmão jogou uma pedra.

Sidnei Ribeiro disse...

Todos nós, que moramos "na roça" (como se diz por aqui) temos histórias do tipo. Mas esta passagem da minha vida foi marcante, por causa da pescaria que se seguiu e que foi uma das últimas da minha vida...