Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
5 de setembro de 2005
AS MUDANÇAS NO MUNDO
Quando éramos crianças, as coisas eram diferentes do que são hoje. Não é que me espanto ao ver um garoto jogar bolinhas de gude ou rodopiar um pião de madeira nos dias atuais? Afinal, o que se vê são garotos perdendo o tempo em videogames cada vez mais sofisticados que dão uma baita sensação de realidade mas não a sensação de liberdade que tínhamos em nossos jogos, pelo menos três décadas atrás. A única relação são com as pipas, ontem e hoje. Mesmo assim, hoje as linhas vêm com um cerol que acaba causando vítimas, cortando braços e pescoços de motoqueiros. Na minha época, por exemplo, quando eu tinha 8 anos (1970), todo garoto queria ser jogador de futebol como Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivelino, Gérson, Paulo César, Edu, Clodoaldo, Wilson Piazza, só pra jogar na seleção, ganhar uma copa e um fusca do Maluf. Hoje, os garotos sonham em ser jogador de futebol como Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, Robinho, Roberto Carlos, só pra ganhar muito dinheiro, ter muitas mulheres e, se sobrar espaço, servir à seleção e ganhar uma Copa. Como os valores mudaram em três décadas! Das brincadeiras de pião, bolim-bete (é assim que escreve?), pique-esconde, cabo de guerra, queimada (ou matança), vi um dia uns garotos, entre 11 e 15 anos, brincando de "ressuscitação". Fica difícil explicar como era, mas as conseqüências poderiam levar a uma parada cardíaca (o batimento caía para quase zero) e normalmente quem participava, acabava desmaiando. Hoje vejo garotos discutindo desenhos infantis violentos e cheios de monstros: Bambi, Dumbo, Branca de Neve e Bela Adormecida são meros desconhecidos. Os filmes infantis atuais (Procurando Nemo, O Caça Tubarões e A Era do Gelo, entre outros), fazem sucessos entre crianças pequenas e seus pais. Garotos de oito a treze anos querem mais é colocar aqueles calções horrorosos da NBA caídos, mostrando a cueca, camiseta do time (do basquete norte-americano) preferido, um tênis maneiro e um boné bem chamativo e passear no shopping. Dia destes, vi uma garota que não devia ter mais de treze anos enfiada numa bota enorme, micro-saia de um palmo (se abaixasse ou sentasse, todo mundo descobriria a cor da calcinha), tentando parecer mulher pra estes garotos. Olhei pra minha filha (de 11) e já deixei claro: nem pense em pedir coisa igual ou então tente vir ao Shopping sem que eu ou sua mãe estejamos juntos (de preferência os dois). Ela ainda vê o site da Barbie na Internet e gosta de Malhação, Floribella e Bob Esponja. Por isso, fico tranqüilo mas temo o futuro não só dela e da minha outra garota menor (seis anos) por causa desta geração que hoje surge, que namora cedo, engravida cedo, morre cedo, trafica cedo. Quando deveria estar rodando um pião, acertando a biloca ou então brincando de pique-esconde.
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6 comentários:
Nossa Sidney, quantas lembranças; rss.
Apesar de eu não ser da mesma época que você, eu me lembro de tudo isso, tá?
Olá, Sidney, obrigada pelo link e comentário no "Mineiras, Uai!"...
Conhecia uma menina de Franca-SP, Bianca, dancei ballet com ela num curso de cubanos em Sampa capital em 1999, mas perdemos o contato. Gostei da sua história de vida, sobre ser quase mineiro, etc, muito engraçado.
Sobre a geração atual, tenho pena tb, pois curti muito minha infância à lá anos 80, de turminha de garagem do prédio, jogar queimada, fazer desfile de moda com lençóis velhos de minha tia, rodar piorra (ou pião), tomar banho de mangueira, brincar de barbie e sonhar com o primeiro sutiã ou sapato de salto... Hoje as melissinhas infantis já vêm com um saltinho. Penso: o que será dos pobres tendões e meniscos dessas pequenas senhoras?
Ah! E "biloca" aqui acho que é mesmo que bilboquê, né não? rsss
Abração, volte sempre, retribuiremos o link!
Ana Letícia
http://mineirasuai.blogspot.com
Caro Sidnei. Pra começar, muito obrigada por sua visita lá no meu Contando causos. Tenho saudades, sim, das brincadeiras de antigamente, quando a imaginação tinha que suprir o que hoje a tecnologia fornece ready-made. Por outro lado, com meus 67 anos, criada numa época de repressão e tendo sido obrigada a uma luta tremenda para ter o direito de ser eu mesma, se tivesse que escolher entre duas épocas, prefiro viver nos dias de hoje, com todos os seus percalços e inseguranças.
Sidney, cheguei aqui pelo "Mineiras, uai!". Esse seu temor também me aflige. Não tenho filhos, mas tenho uma sobrinha de 8 anos (é minha única sobrinha).
Tentamos sempre orientá-la quanto às drogas, pois sabemos de vários casos em que o uso começa ainda na infância. Brinco o máximo com ela e quando vem aqui em casa, não libero o computador. Vamos fazendo o que podemos, mas até quando, né?
Um abraço.
oi...tbm acho que com o modernismo acaboms por perder a nossa liberdade e de nossos filhos...ai começamos a questionar se vale a pena tudo isso..as coisas melhoram,vao facilitando nossa vida,mais cada vez mais vao se perdendo os valores...e ficamos pensando o que sera de nossos netos para nao falar de nossos filhos que estao ai a cada dia perdendo mais e mais a sua liberdade.as meninas de hj pulam fases que sao tao importantes na vida delas.....beijos....Hebe
Concordamos plenamente!!!!!!!!!!!
O mundo mudou, mas vai mudar de novo pode esperar.
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