16 de agosto de 2005

PERCALÇOS DA PROFISSÃO

Hoje aqui na redação do jornal (o Comércio da Franca completou ontem 90 anos!), onde estou há 25 anos, ontem comentávamos perrengues que a gente passa para conseguir informar bem o leitor e lembrei-me de algumas saias-justas pelas quais passei durante este período. Na década de 80, quando o Comércio era uma sombra do que é hoje, pouca gente na redação, tínhamos que nos virar de qualquer forma pra dar conta do recado: assoviando, chupando cana e ainda fazendo açúcar e alcool ao mesmo tempo. E não é que dava certo... Modéstia às favas, fazia um grande jornal dentro das possibilidades tecnológicas e de pessoal da época. Eu era o editor-chefe. Pois bem, quando alguém nos procurava, éramos chamados no balcão de anúncios que existia perto da impressora, porta de entrada para a oficina, a redação, todo o jornal (só os escritórios eram do outro lado). Quem nos chamava era um senhor que captava os anúncios depois das seis da tarde, atendia os telefones e servia de porteiro, até as onze da noite, o sêo Juca. Um dia, sêo Juca me chamou. Desci e lá embaixo deparei com um lavrador típico: chapelão, botinas, calça jeans, camisa e paletó. Ele veio pro meu lado e disse: "Você colocou no jornal de hoje que fui preso por portar uma arma"... Dito isso, levantou o paletó e me mostrou um 38 medonho enfiado na calça. E continuou: "Pois eu sempre ando armado e não gostei de ver a notícia", ameaçador. Nem tive dúvidas: olhei pra ele, pedi calma e chamei o repórter policial, indo me refugiar na redação, porque bobo eu não sou!

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