16 de agosto de 2005

A ESMOLA

- Dá um dinheiro, moço?
Quando olhei pra trás, o vi. Um garoto franzino, cerca de oito anos, trazendo nos olhos toda a desesperança de sua (ainda) pequena vida... Não pude deixar de notar nos pés descalços, na roupa suja e seus dedos magros, tal gravetos fossem, na mão espalmada esperando moedas.
Diante de minha mudez, ainda completou:
- É pra comprar comida... Ainda não comi nada hoje!
Não pude deixar de me admirar com a rapidez com que enfiei a mão no bolso para atender a seu pedido. Mas parei e, como sempre ocorrem nestas ocasiões, quase lhe disse não ter dinheiro ou mesmo trocados. Mas algo acabou me comovendo. Não sei se seus olhos tristes, suas pernas magras perdidas dentro de uma bermuda muito larga ou se o seu estado de aparente pobreza. E, mais tarde, refletindo sobre tudo isso, percebi que, assim como muitos, paguei para me livrar de um problema sério, grave e que, se todos agirem como eu, vai perdurar por muito tempo ainda. E aí tive pena de mim... E do Brasil, também...

Nenhum comentário: