Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
15 de agosto de 2005
NO CINEMA
Alguém já tentou colocar São Paulo dentro de Campinas? Pois deve ser a mesma sensação que um gordo sente quando entra no cinema e olha aquelas cadeiras, feitas para magros. Pois uma vez tive que assistir ao filme praticamente deitado numa delas, a bunda completamente fora do assento. Um horror. Depois, a dor nas costas foi um inferno. Tive uma tremenda dor de cabeça que ajudou a completar o quadro: eu, todo amassado, cara de doente, estrupiado e p* da vida por causa da situação. Tempos depois, sabendo que o cinema havia instalado cadeiras para gordo, lá fui, todo pimpão, esperando um pouco de tranqüilidade. Mas nada foi o que eu esperava. Primeiro, já tentou equilibrar pipocas, balas, refrigerantes e entregar o ingresso ao rapazinho da porta? Nem tente, é coisa para malabaristas. É que não gosto de sair durante o filme e prefiro me abastecer de uma vez só: saco gigante de pipoca, uma coca light 600 ml, uma garrafinha de água com gás, balas, chicletes e um chocolate. Na pipoca, muito molho. Só o saco de pipoca fica difícil levar para dentro da sala. Consegui passar pela portaria e, quando cheguei às cadeiras reservadas para gordos como eu (no pior lugar do cinema, claro), a surpresa: ocupadas. Dois casaisinhos adolescentes, as meninas quase no colo dos carinhas, ali nas cadeiras, já protagonizando cenas de amor explícito que mais pareciam saídas de um filme francês. Os quatro caberiam com folga numa poltrona só. Pigarreei, tossi, bati o pé! Um dos rapazinhos dignou-se a parar o que estava fazendo, olhou-me com absoluto desprezo e lascou um "quéquifoi?". Não houve papo. Ele falava uma língua que eu desconhecia, cheia de "fií", "mano", "massêra" que precisei recorrer ao lanterninha. Este, moleque como aquele outro, com um sorrisinho irônico, conseguiu explicar que aquelas cadeiras enormes não era pra casais de namorados e sim para gordos. Assim, acabei assistindo ao filme mas tive que conviver com assobios infantis e a gritaria que a molecada fazia cada vez que o mocinho aparecia na tela. Até nas cenas de beijo, a balbúrdia imperava. Depois disso, prometi: assistir "Guerra nas Estrelas" numa tarde de domingo, nem em outra encarnação. É muita tortura para um gordo só!
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