15 de agosto de 2005

AVENTURA NO RESTAURANTE

Não há nada mais difícil para um gordo do que ir ao restaurante. Com o aparecimento daquelas horríveis e desconfortáveis cadeirinhas brancas, de plástico, para muita gente tornou-se uma experiência hilariante ver um gordo cair (e levar toda a mesa, também de plástico, junto), quando as pernas da cadeira abrem e acabam despejando o infeliz do obeso no chão. Tem gente que aposta quanto tempo o infeliz vai se manter naquelas cadeiras. Pior ainda são as que têm braços: o pobre acaba ficando entalado e, se não sair, corre o risco de levar a cadeira junto com ele quando se levanta pra ir ao banheiro ou para casa. E a gargalhada é geral. E não adianta colocar uma cadeira sobre a outra, pra "reforçar". O tombo é quase inevitável. E quando o gordo não cabe na cadeira? Fica naquela situação constrangedora, dentro do restaurante, em pé, com todos os olhares (e risinhos irônicos) em sua direção. Quando o garçom aparece trazendo uma cadeira mais firme, de preferência de madeira, tem gente que se segura para não gargalhar. E a gente com "cara de tacho", tentando manter a dignidade... Que já foi embora há muito tempo. Ou seja, é uma aventura. Nem adianta pensar nas cadeiras de metal, aquelas amarelinhas, que todo mundo aluga quando dá uma festa: ela também gosta de jogar o gordo ao chão, inapelavelmente, para gáudio da platéia ávida por cenas de humor ao vivo como esta. Pensa que acabou? Pois bem: num restaurante rodízio, mesmo com um cantor se esforçando para fazer-se ouvir em meio a picanhas, maminhas e espetos de coração de frango, os magros que não se cansam de mastigar e não engordam um grama que seja, encaram o pobre do gordo e ficam esperando pra ver uma "montanha" de arroz, feijão, saladas, macarrão e tudo o mais que existe na pista, já imaginando o trabalho que vão dar para os garçons... Vocês nem imaginam a cara de espanto ao ver alguns rolos de palmito, folhas e legumes. "Ele tá fazendo cena", pensam... Outros imaginam que na hora das carnes, vai um boi inteiro. Quando isso não acontece, a cara de desapontamento é geral. Há ainda os que pensam: "deve ter comido uma montanha antes de vir almoçar". Não é fácil tentar explicar aos comensais (pelo menos os conhecidos) que não é cena: é aquilo que a gente come mesmo! Diante da incredulidade geral, não há nada a fazer a não ser acabar a sobremesa, tomar o café, acender um cigarro e ir para casa... Como gordo sofre!

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