16 de agosto de 2005

MAIS SOBRE FELINOS

No post anterior falei do fato de ter tido 27 gatos em nossa casa, na Usina Junqueira. Pois saibam que desde criança convivi com gatos. E alguns deles lembro-me bem, ainda hoje. Como o Chaninho, que tinha duas donas: minha mãe e outra senhora, que morava vizinha à Dona Lica, na rua 4. Dona Varina (se não me engano), cujo marido, Luiz, era motorista da Usina. Eles tinham um casal de filhos. Pois o Chaninho de tão lerdo (segundo todos, por minha culpa, que resolvi aferir meus dotes de barbeiro e cortei os bigodes do bichano) que, um dia, assistiu calmamente à fuga de um gato, que passou a cinco centímeros dele, e não mexeu uma palha. Outro gato que me lembro era o Cat, um dos mais espertos que conheci. Pois bem: ele também tinha outra casa, a do Adriano, se não me engano neto do "sêo" Izaltino. Só que lá também o nome dele era outro: Chaninho ou Bichano. Em cada casa, ele atendia pelo nome que o chamavam, Cat ou Chaninho. Este gato era o xodó da mamãe e, quando nos mudamos da Usina, o fato de ele ter outra casa, onde era muito bem tratado, deixou-a mais tranqüila. Pois o Cat, além de tudo, era muito bem educado: não deixava os outros gatos "atacarem" a comida que minha mãe deixava em cima da mesa, assim como as carnes que ela comprava e colocava na pia antes de ir pra geladeira. E tinha mais: só comia o naco de carne que colocavam à sua frente se mamãe autorizasse. Havia ainda o Pretinho, uma gata angorá preta (descobrimos ser fêmea só após a primeira cria, porque ela não deixava ninguém se aproximar), que "herdamos" quando nos mudamos para a pracinha, responsável pela maioria dos 27 gatos que tínhamos e pela marca de unha que muitos cachorros tinham no focinho. Só chegava perto de mamãe. Houve ainda o Tigrinho, que acompanhou minha mãe na rua e ficou em casa. Ali, colocava os pintinhos pra dentro do galinheiro e comia o farelo de milho que mamãe colocava para os galináceos. Morreu por causa disso: um saco de farelho acabou contaminado por BHC e acabou com a criação de galinhas de mamãe. Tigrinho foi junto. Uma das cenas das quais me lembro era quando minha irmã, ajudando mamãe na cozinha, ia cortar os bifes (mamãe gostava de comprar coxão mole em peça para fazer os bifes, grossos, em casa), amolava a faca no tanque e apareciam gatos de todos os tamanhos, cores e miados: uma festa! Luci usava aquelas calças pantalona, de tecido grosso, e alguns gatos pequenos subiam por ela para driblar a chuva de bichanos que enchiam nossa cozinha. Escrevo isto com lágrimas nos olhos e o coração apertado, com saudades de um tempo em que as preocupações da vida não iam além das traquinagens que programávamos o tempo todo. Mamãe, papai, quatro irmãos e os 27 gatos hoje só existem na memória. E no coração de quem, um dia, foi a pessoa mais feliz do mundo e não tinha consciência disso. Por sorte, hoje sou feliz e sei disso! Com uma mulher maravilhosa, duas filhas que são um tesouro, irmã, sobrinhos e uma cachorrinha chamada Belinha que é inteiramente maluca!

Um comentário:

Anônimo disse...

oi...poxa 27 gatos,legal essa aproximaçao com animais...vc foi feliz,vc é feliz e vai ser sempre...pois o que plantamos com certeza colheremos...e vc so tem coisas boas para colher...beijos....Hebe