16 de agosto de 2005

EURÍPEDES, O "BABÃO"

Tem gente que pergunta sobre minha família. Como papai e mamãe quase sempre são citados (mesmo assim, cada um vai ter um post aqui), resolvi falar dos meus irmãos. O primeiro, mais velho deles, era o Eurípedes, o Babão, conhecido por toda Usina Junqueira como instável. Uso este substantivo para evitar usar o correto: encrenqueiro. Desde pequeno, era um brigão incorrigível, que nem a energia do meu pai deu jeito. Praticamente dia sim, outro também, Babão (quando ficava nervoso, começava a babar feito bebê, por isso o apelido) brigava na porta do Grupo Escolar. E tinha um inimigo fidagal o qual, mais tarde, tornou-se grande amigo: Oswaldo Júlio, irmão do Silvinho (que no início da década de 70 mudaram-se para São Paulo, deixando o pai sozinho na Usina). Cresceu assim: se alguém xingasse minha mãe, inapelavelmente apanhava. E não era de medir tamanho, não. Que o diga o Namir, irmão do Tim (grande amigo do Eurípedes, chamado pelos familiares de Pim) e do Nivaldo (que hoje moram em Franca, coincidentemente no mesmo Jardim Éden que eu). Namir, confundindo a brincadeira do Babão com o irmão, Tim, com uma briga, bem mais velho que meu irmão, interferiu e deu uma surra no brigão. Quando saiu, rindo, dizendo que era lenda a história de que o Eurípedes sempre levava a melhor, foi chamado pelo meu irmão: quando virou, o tijolo já vinha célere, acertando em ceio seu rosto. Depois de medicado, ouviu do pai, "sêo" Hidelbrando, também enfermeiro: "já falei pra você não mexer com aquele doido!" Ele era assim: oito ou oitenta. Acabou com várias festas por causa de seu temperamento explosivo, inclusive os churrascos que a Usina fazia todos os anos no encerramento da safra. E sua agressividade foi canalizada na POlícia Militar de Minas Gerais. Em 1969 ele passou no concurso do 4º BPM de Uberaba. E, em 1981, primeiro de janeiro, quando servia na pequena cidade de Santa Juliana, próxima a Patrocínio de Minas, acabou morrendo de forma estúpida, aos 31 anos de idade: deu um soco em um vidro, num momento de fúria solitária, houve ruptura de uma veia e ele acabou perecendo, esgotado, sem sangue. Um triste fim para quem tinha até diplomas de doador-símbolo do Hospital das Clínicas de Uberaba. Eurípedes, em que pese o temperamento explosivo, era brincalhão, vivia fazendo piadas e graças, mas tinha um fraco pela bebida. Foi o irmão com quem menos convivi, pois tinha apenas sete anos quando ele foi para a Polícia Militar mineira e vinha pra casa apenas durante as folgas. Eurípedes, acima de tudo, respeitava minha mãe. Só ela era capaz de colocar água fria na fervura , com seu grito agudo: "Piiiiim!". Ele parava a briga, na hora, e voltava pra casa chorando como um bezerro desmamado, porque só brigava quando xingavam minha mãe, o que ele não aceitava nem por brincadeira. Quando garoto, fizera meus irmãos (Hamilton e Wilson) sofrer: amarrava as mãos dois dois prá trás e dava-lhes "rasteiras", jogando-os no chão. E dizia que eles não poderiam chorar porque mamãe poderia ouvir, ir lá e bater nos três. Sem maldade... Ele era assim, violento, contraditório, mas uma criança quando sob influência de minha mãe, que muito sofreu com os seis filhos que teve.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi...nossa vc perdeu seus irmaos todos muito cedo...todos eles morrem ainda com muito pouca idade e com muito ainda por fazer...nao deve ter sido facil para vc...beijos...Hebe