24 de novembro de 2011

PORQUE NUNCA GOSTEI DO CAREQUINHA

Ao contrário de todas as crianças de minha geração, eu nunca fui fã do palhaço Carequinha. Não cantava ‘Um bom menino não faz xixi na cama’ e não achava graça nenhuma naquele personagem e seu artista. E levei isso vida a fora... Mesmo adulto, também não achava graça. E tudo isso por causa de um fato que ocorreu quando eu tinha uns quatro anos. Lembro-me muito bem. Depois de muita insistência de dona Altiva, meu pai, sêo Sebastião, levou-nos — a mim e a Luci — ao clube da Usina Junqueira (misto de salão de baile, sala de cinema e bar), ali em frente a Pracinha (Praça Sinhá Junqueira), cuja porta dava em frente da casa para onde me mudei na década de 70 e onde vivi apenas cinco anos, mudando-me para Franca (onde permaneço). Acontece que, Dia das Crianças (acho eu), tava lá o Carequinha entretendo a criançada. Meu pai, sério, deu-me um conselho: “Não levante a mão e não suba no palco”. Eu não entendi a razão. À certa altura, quando Carequinha anunciou que iria dar um autorama para a criança que subisse no palco e virasse uma cambalhota (que a gente chamava de cambota ou piruleta). E o babaca aqui foi. Mesmo magrinho e franzino que eu era, paguei um mico fenomenal: além de não conseguir virar cambalhota (eu parava na bananeira e voltava), virei motivo de piada do palhaço, que fingia que “dava corda” em mim, como se usasse uma manivela de carro antigo. Papai (que já tinha antevisto este meu momento de humilhação) ficou furioso, tirou-me do salão e levou para casa. A partir daí, continuei sonhando com um autorama (que nunca tive e que hoje não tenho interesse em ter) e tendo pesadelos com a humilhação pública para um menino franzino, magrinho e pobre, que virou motivo de chacota para os coleguinhas. O tempo passou e apagou das mentes de todos os que presenciaram aquela situação ridícula mas nunca apagou da minha. A partir daquele dia, o Carequinha nunca mais teve uma risadinha que fosse comigo. Nunca quis seus discos, nunca me interessei em ver nada que lhe dissesse respeito. E passei a ter como ídolo outro palhaço (que na época, ainda na década de 60), do qual dizia ser rival do Carequinha: Arrelia, do ‘Como vai? Como vai? Como vai? Muito bem! Muito Bem! Muito bem-bem-bem!”. E de vários outros, como Carlitos, Cheiroso (que se apresentou muito na Usina naqueles circos mambembes que passavam por lá) e muitos outros, que ainda hoje admiro. Mas do Carequinha, nunca!

2 comentários:

Geysa disse...

Hahahahahaha! O Silas também não sabe virar cambalhota! Ele acha que vai quebrar o pescoço! Será coisa de magro? Já tentou depois de gordinho? Hihihihihihi! Bjos!

Sidnei Ribeiro disse...

Desculpe o atraso na respostas, mas meu PC tava dando um trabalhão danado. Pois é, minha querida, depois de gordo não tentei porque seria dar muita sopa pro azar... Já pensou se eu tentasse num terreno fofo e acabasse atolado até o pescoço. Imagino-me já como um pé de Sidão!