Para todos os que se sentem discriminados, abalados, deprimidos e subestimados... E para quem nasceu e quer conhecer histórias e personagens da Usina Junqueira. E com um pouco de humor, também, que ninguém é de ferro!
14 de outubro de 2007
SOBRE REMÉDIOS E INJEÇÕES
Pois é! Como toda criança, eu também fui um escandaloso quando se tratava de remédios. Principalmente injeções. Lembro-me da dona Djanira e do sêo Ildebrando, além do sêo Custódio (acho que era esse o nome), na maior paciência e boa vontade, tentando-me acalmar para aplicarem uma injeção qualquer. Normalmente, para gripe ou infecção na garganta (destas, eu tinha pelo menos duas por ano na minha infância na Usina Junqueira). Lembro-me do suplício de ir ao ambulatório, localizado em frente ao Parque Infantil, entre a farmácia e o correio (que mais tarde virou banca de revistas). Eu não me contentava em chorar e gritar: fazia um escândalo que mais parecia vítima de uma violência atroz. Mamãe estava sempre comigo e dizia que eu a envergonhava com aquela atitude. Isso acabou aos seis anos, de uma maneira abrupta. Mais uma vez, minha mãe levou-me para tomar uma injeção e, em que pesem os esforços de dona Djanira, eu fiz um escândalo mortal. Teve gente que chegou correndo pra ver o que estava acontecendo. A coisa foi tanta, que no final eu nem quis sair pela frente do ambulatório. Saí pela porta dos fundos e no pequeno trajeto dali até minha casa (uns três quarteirões), mamãe mais uma vez falou da vergonha e conseguiu arrancar o maior dos segredos: não doía nada. Nem tinha sentido a picada. E ela tomou a decisão: a partir daquele dia, eu iria sozinho tomar qualquer injeção que seja. E aí acabou o escândalo. E foi tanto o destemor das agulhas que, alguns anos mais tarde (eu tinha uns nove e minha irmã tinha uns onze ou doze), eu fiz uma grande besteira. Mamãe havia viajado para Franca e ficamos eu, minha irmã, meu pai e Gérson, meu outro irmão, em casa. Luci foi acometida de forte virose e precisou tomar uma série de injeções. Nós éramos muito ligados e eu estava com pela dela, que tomava duas injeções por dia. Para encurtar o sofrimento da minha irmã, decidi: ela tomaria a penúltima série e no mesmo dia eu tomaria as outras duas, para encurtar o tratamento. Tomei as injeções e passei muito mal, mas escondi de todo mundo que aquilo estava acontecendo. Sofri calado e percebi que poderia ter acontecido alguma coisa mais grave. E esta foi a grande lição: não se brinca com remédios. E, até hoje, não tomo comprimido nenhum sem ler atentamente a bula e saber para o que serve. Ainda hoje lembro-me do mal que passei, tive febre, muita dor no corpo e acabei prostrado. Quando minha mãe voltou, já estava um pouco melhor e a coitada nem percebeu. Pois hoje, dou toda a razão para quem diz que com saúde não se brinca. Eu brinquei e só não houve conseqüências mais graves porque Deus, como sempre, foi bom comigo.
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