24 de janeiro de 2006

OBSERVANDO...

Acho que tornei-me jornalista por conta da minha curiosidade e mania de observação que até hoje trago bastante aguçadas. Pois andando de ônibus, nos últimos tempos, fico a olhar as pessoas que entram e saem do coletivo e fico a imaginar suas vidas, histórias e motivações. Dia destes (acho que ainda no final de dezembro), uma figura peculiar entrou no ônibus. Uma senhora, de cerca de 60 anos, magra (tipo maracujá de gaveta, mesmo), usando um conjunto amarelo de malha prá lá de esquisito: uma calça que mais parecia de pijama, uma camisa idem e sobre tudo isso uma espécie de capote, que chegava ao joelho, no mesmo tecido e com bolsos em profusão, todos eles cheios, dando-lhe uma aparência extraordinariamente ridícula. Porque cada bolso parecia uma capanga daquelas da minha infância, a qual enchíamos de coquinhos ou então de guloseimas várias. Ela conversava com o motorista e percebi que o brasileiro é mesmo arguto: seu apelido era Filó, personagem que Gorete Milagres deixou famosa em programas humorísticos do SBT. E não é que ela era a própria? Fiquei pensando se teria família e a opinião deles quanto ao seu figurino. O que faria da vida, o que falaria pra seis familiares e outras coisas mais... Continuando a viagem, a gente vai olhando e observando o que vai entrando (embora eu utilize o ônibus num horário de pouco movimento). Alguns sérios, carrancudos, como se tivessem brigado com o mundo, enquanto aparecem outros rindo desbragadamente, também sem uma razão aparente. São pessoas, seres humanos, com suas alegrias, frustrações e sentimentos. Por outro lado, houvesse outro observador como eu naquele ônibus, fico imaginando o que estaria vendo em mim, um cara gordo, de chinelos, ocupando quase dois bancos e que não passa na roleta senão entala!

5 comentários:

Anônimo disse...

É mesmo gostoso observar desconhecidos; às vezes uma frase entreouvida ao acaso nos faz criar toda uma história.

Anônimo disse...

UHAHAHAHAHA Sensacional... mas por esse motivo tento ser escritor!!!
A própria Filó.. que coincidência!!

Mineiras, Uai! disse...

Eu Sidnei!
Certa vez, no auge dos meus 17 anos, estava no 2101 indo pra faculdade e percebi que eu não era o único ser pensante e pulsante na face da terra, e passei a perceber os outros ao meu redor. Foi como descobrir o fogo!
rsrs
Agora, fica todo mundo no busão com aquela cara de elevador... Mó saco, fala sério?!
Beijo
Ana Letícia

Ps.: Anda sumido, heim???

Anônimo disse...

http://somagui.zip.net
Sugiro conhecer http://aconquista.zip.net. Qt a uma mulher de 60 anos ser um maracuja de gaveta e muito triste porque deve tr sofrido muito. Hoje em dia as pessoas com mais cultura e condicao nao estao assim, nessa idade. Essas suas observacoes sao perfeitas .O povo vive assim mesmo.So estou ppreocupada com vc e sua saude. Cuide-se.

Anônimo disse...

fantástico como ler traz cheiros, cores, sabores, toques de mão na argila que cria, barulho dos chinelos arrastando na rua... gostei de vir aqui, e virei mais vezes.