20 de agosto de 2005

WILSON, O PROFESSOR

Meu irmão Wilson, nunca soube a razão, era conhecido por Bichuete pelos seus colegas de Industrial, em Igarapava. Desde pequeno, aluno exemplar, nunca encontrou durante sua vida estudantil um obstáculo chamado reprovação (ou bomba ou pau, como se diz hoje).
Por isso, sempre o primeiro da classe, aos 14 anos logo partiu para seu vôo mais alto: resolveu que queria estudar no Educandário Pestalozzi, uma instituição de ensino de alto gabarito aqui em Franca, decisão que veio a mudar todo o destino da família Ribeiro. Garantido por dona Altiva, que passou a vender balas e pipocas no Ginásio para custear a mensalidade, Wilson veio a Franca e aqui fez o colegial e fez o curso superior, na Unifran que ainda engatinhava. Teve uma média excepcional no vestibular e concluiu o curso nos quatro anos regulamentares: tecnólogo eletricista, o que permitiu que ele trabalhasse com projetos de instalação elétrica e ampliasse sua especialização como desenhista projetista, onde estava iniciando na indústria Amazonas e mais tarde possibilitou que se tornasse professor de eletrotécnica na Industrial de Franca.
Aos 22 anos, em 1975, casou-se com Cilene e teve dois filhos: Rodrigo (hoje formado em Ciências Sociais com especialização em Antropologia pela Unesp de Marília, com mestrado na PUC e com doutorado em andamento), que à exemplo do pai, teve uma carreira estudantil próxima do brilhante. Hoje, aos 29 anos, dá aulas na PUC de São Paulo e de Jundaí. A outra filha, Geysa, aos 25 anos, faz o último ano de Filosofia na Unesp de Marília.
Wilson faleceu em junho de 1986, em plena Copa do Mundo, com uma crise de diabetes alterada (doença que ele desconhecia ter) ampliada pela aplicação de duas injeções de glicose por um enfermeiro, com a anuência de meu irmão, que achava que sua tontura era conseqüência de consumo em excesso de bebida alcoólica. Tinha 33 anos de idade. A sua vinda para Franca acabou definindo o destino de toda família: minha mãe preferiu Franca a Americana, Ribeirão Preto ou Igarapava para ficar perto de Wilson e de Hamilton (que também veio para cá). Não fosse isso, sabe-se lá onde estaria eu e fazendo o quê para viver se não o jornalismo.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi...e a segunda vez que leio a historia do seu irmao e fico triste de saber que vc o perdeu ainda sendo tao jovem e com a vida toda pela frente ne...mais existe coisas que nao podemos mudar so aceitar...mais fica ai as lembranças e a saudades que tenho certeza que sao muitas...beijos em seu coraçao...Hebe