15 de agosto de 2005

CRÔNICA PARA FERNANDA

Como lhe prometi no domingo, esta crônica é pra vc, Fernanda Lucas. Você que não conheci quando podia (eu com treze e você com quatro anos!) e acabei conhecendo separado por uma distância de quase 500 quilômetros. Moramos na mesma casa (você depois de mim) e, acho, nem tivemos chances de trocarmos um sorriso, uma carícia ou mesmo um pensamento em comum. E teclando com você, acabei vivenciando coisas que tinha sepultado no fundo de minha mente, debaixo de taxas cada vez maiores de glicose. Você me trouxe lembranças do meu primeiro amor, do meu primeiro beijo, da minha primeira decepção amorosa. Lembranças da banda na praça, da seringueira no meio do meu quintal que se transformou na floresta da minha infância. E tudo deixou de ser lembrança: voltei a vivenciar uma infância onde minha mãe me chamava (Siiiiidnei) para o lanche da tarde. Na mesa, com meu pai (que insistentemente me chamava Sidinei) e meus irmãos, hora de saborear um café forte e doce, com um pão de milho quentinho que mamãe havia acabado de tirar do forno, pra ser comido com uma manteiga de leite em barra embrulhada em papel-manteiga. Pois bem, Fernanda: este tempo não volta mas bem que a gente queria tê-lo sempre preso em nossos corações. Uma época sem preocupações a não ser sermos felizes. E isto você e seu irmão conseguiram fazer aflorar neste gordo que insiste em fazer graça mas que tem seus momentos de melancolia ao se lembrar de um tempo que infelizmente nunca mais poderá voltar.

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