15 de agosto de 2005

AS MANGAS DE SOROCABA

AS MANGAS DE SOROCABA Uma frondosa mangueira, bem na porta do ambulatório, foi responsável por dois momentos se não engraçados, pelo menos saborosos, ocorridos no Spa Med Campus. Um deles, tive oportunidade de presenciar, em 1997. O outro, ocorrido em 1996, foi-me contado pelo Júnior, que me precedeu naquela instituição. O personagem principal desta história já foi citado pelo Mário Prata: um judeu que freqüentava a missa só pra comer hóstia (entrando várias vezes na fila). Pois ele tinha um método peculiar para conseguir "um dinheirinha" pra apostar nos jogos de carta que movimentavam uma alta quantia nas mesas da casa sede. Ele esteve internado por lá no final de ano, época em que as mangeiras estavam carregadas. Então, ele acordava por volta de 3h30 e 4h00 da madrugada, antes dos seguranças começarem a sua ronda pelas alamedas do spa e pegava as mangas maduras que porventura tinham caído durante a noite. Então, as escondia no lago (havia um buraco que só ele conhecia e cabia bem quase uma dúzia das frutas), pra que ficassem fresquinhas. E, depois, fazia o leilão por outros internos endinheirados. Resultado: cada manga chegava a atingir a soma de cinqüenta reais ou mais, dando-lhe uma féria nunca inferior a quinhentos reais por dia. Enquanto era época, ele faturou bonito. E esta mangueira tornou-se mais uma vez coadjuvante de uma senhora bastante esperta. Com mais de sessenta anos, era a figura da bondade. Num dia, caiu um pé d'água sobre Sorocaba, levando ao solo praticamente todas as mangas que haviam na mangueira, maduras ou não. Assim que acabou a chuva (e o pessoal do spa e muito menos os demais internos deram pela coisa), ela muniu-se de uma sacola, apanhou as mangas maduras e imediatamente levou para o ambulatório. Quando nos encontrou na ala das saunas e hidromassagem, contou um feito com um sorrisinho sapeca. E nos mostrou: dentro de sua bolsa, mangas enormes e perfumadas que ela distribuiu aos mais chegados e guardou algumas para si. E disse: "acha que eles teriam coragem de revistar minha bolsa se levei as outras mangas pra eles? Nem pensaram". Eu não me deliciei desta vez por que não sou guloso: estava esperando que chegasse a minha encomenda, uma coxinha cremosa da Panificadora Real. E ela entrou no dia seguinte, dentro de um pacote de absorvente. Como diria um dos amigos que fiz ali no spa, quando eu comia a coxinha parecia que estava tendo um orgasmo. E não é que ele estava certo? Foi a mais saborosa coxinha que já comi em toda a minha vida, a qual saboreei com vagar e grande satisfação.

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