Há coisas na vida que não se explicam: simplesmente acontecem. Certas escolhas que fazemos, então, são definitivas e, no fim das contas, mostram-se o caminho certo. Explicar a razão de tudo, não há como. Vários fatos do tipo permearam minha vida...
Desde os sete anos, tenho um apreço especial pela leitura e sempre fui ávido devorador de páginas e páginas impressas, le ndo tudo o que me caía na mão, incluindo aí bulas de remédios e dicionários. Até hoje, se fico sem minha cota diária de leitura (e o site Releituras vem sendo um amigo constante, além do próprio material com que lido, as reportagens do jornal e também da agência Estado), sinto-me em falta comigo mesmo. E minha mãe, a maior incentivadora disso tudo, nunca se cansou de me apresentar revistas, livros e autores que acabaram determinando meu futuro.
Quando eu estava no primeiro colegial, durante a grande greve dos professores no Estado de São Paulo de 1979, saí a percorrer gráficas e jornais de Franca em busca de orçamentos para a confecção de um jornal dos estudantes. Antes disso, já tinha feito testes no "Comércio da Franca" sem nenhum êxito. Afinal, quem contrataria aquele gorducho de apenas 16 anos para a revisão de algo de tanta responsabilidade como um jornal? Mas em 79, fui até o "Diário da Franca", onde encontrei aquele que acreditou na minha capacidade e acabou me contratando, depois de uma conversa: José Edison de Paula Marques, o Essinho, um dos sócios do jornal e que, ao ouvir que eu gostava de ler, chamou-me para um teste logo à noite.
Era 18 de abril de 1979. Ali no "Diário" tive o aprendizado que me permitiu entrar, um ano após (aí, já tinha experiência, né?), no "Comércio", onde me encontro até hoje. Aqui, fiz de tudo: revisor, repórter, fotógrafo, redator, diagramador, digitador e até impressão encarei. Além de editor geral, passei por todas editorias: local, polícia, esportes, Brasil, variedades... O "Comércio" foi a única escola de jornalismo que sempre tive e que ainda hoje me ensina. Aqui, encontrei pessoas que acabaram me ensinando ética, a importância da notícia e a qualidade do texto.
O professor maior, o jornalista Corrêa Neves, foi acima de tudo, um amigo. Um dos poucos que realmente confiaram em minha capacidade e investiram em minha capacidade de aprender. Com ele, que tinha verdadeira paixão pelo jornal e pela notícia, aprendi a importância da informação e que fazer jornal não é apenas noticiar, mas sim brigar e defender a comunidade à qual se dirige.
Com a jornalista (e escritora, uma das grandes intelectuais que Franca tem o orgulho de abrigar) Sônia Machiavelli Corrêa Neves (presidente do Conselho de Administração do "Comércio"), aprendi a expressar nos textos sentimentos e emoções que a gente costuma esconder de todos. De sua pena, saem textos, crônicas e, recentemente, um romance em que sensibilidade, humor e sagacidade afloram a cada linha. Tive a honra de escrever os textos da contracapa e das orelhas de seu primeiro livro, "A Bolsa Grená", o qual, de tempos em tempos, releio com prazer, sempre vendo coisas novas a cada leitura. Os outros dois, "Estações" e o recente "Jantar na Acemira" também me acompanham, sempre.
Hoje, tenho orgulho ao ver dirigindo o "Comércio" e a Rádio Difusora, adquirida no começo do ano, Corrêa Neves Júnior, o Júnior, o qual vi crescer não só em tamanho, idades, mas também em capacidade. E traça caminho idêntico ao do "sêo" Corrêa, na paixão não mensurável pela imprensa, pela informação, pela notícia, brigando e defendendo Franca e toda a vasta região Nordeste do Estado de São Paulo. Acho que tudo isso é reflexo daquela vontade que, quando criança, tinha de ler tudo o que me caísse nas mãos: gibis, livros didáticos e Monteiro Lobato, Alexandre Dumas, Edgar Rice Burroughs (é assim que escreve?) e muitos outros, passando mais tarde por Machado de Assis, Fernando Sabino, Humberto de Campos e todos os mais que ainda hoje, periodicamente, ganham espaço em meu criado-mudo.
2 comentários:
Grande Sidnei!
Não há dúvidas que foi toda a sua bagagem cultural e a motivação à leitura que fez com que vc alcançasse este patamar. É coisa imperceptível , mas jamais inexplicável!
Sabino e de Assis, agradecem!
oi...e bonito e gratificante ver o carinho e o respeito que vc tem para com as pessoas que tem ajudaram e que o ajudm ate hj...porque muitas vezes nao basta a gente gostar do que faz,nao basta ser bom naquilo que faz...e importante a gente ser humilde o bastante para aprender com quem sabe mais do que a gente,prestar atençao nas pessoas que estao em nossa volta e valorizar aquilo que esta nos sendo passado...e a gente percebe que a cada dia vc esta aprendndo mais e mais,que vc nao se acomodou naquilo que vc sempre foi bom....vc e um ser humano incrivel sabia,te gosto e te admiro demais...beijos..Hebe
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