25 de outubro de 2005

O CIRCO CHEGOU!

Toda criança vê a sua realidade com olhos da fantasia. E eu fui assim. A goiabeira que tínhamos no quintal da casa 20 da rua 4, na Usina Junqueira, foi meu avião e depois meu tapete voador (embora morresse de medo de subir nela, principalmente depois de uma surra de meu pai quando pegou-me encarapitado num dos seus galhos). Luci era entusiasta dos galhos mais altos (e, conseqüentemente, mais finos), onde ela se divertia como numa perigosa cavalgada. Tive também meu ônibus (duas rodas de carrinho de mão que viravam volante e o depósito de lenha se tornava os bancos). Eu dirigia e cobrava passagens, Luci e suas bonecas eram passageiras. Quando Gérson se incorporava, só queria saber de dirigir. E o ônibus virava um caminhão.
Tudo isso pra falar das minhas primeiras experiências com circos. Por duas vezes, o mesmo circo se acomodou no terreno baldio que havia na rua da quadra de futebol, atrás das casas do lado esquerdo da rua quatro. Se não me engano, era o circo do Cheirolo (ou do Palhaço Cheiroso, nem me lembro mais). Ainda estávamos na década de 60 (na de 70 mudei-me para a praça Sinhá Junqueira, número 9, bem de frente por salão do clube, que sediava as sessões de cinema e os famosos bailes da usina).
E a mais forte lembrança que eu tenho daquele circo era Agnaldo Timóteo cantando "ad-eternum" Verdes Campos da Minha Terra ("eu demoro, mas aqui, eu vou voltaaaaaaar"), seu primeiro grande sucesso. Meus irmãos Eurípedes e Hamilton tornaram-se amigos do pessoal do circo (a bem da verdade, uma meia dúzia de abnegados que faziam tudo, da montagem àqueles trágicos teatros na parte final). E aprenderam alguns truques de mágica, ajudando ainda na montagem da lona para o espetáculo da noite. O que vi foi um pobre espetáculo (vejo-o hoje) que para mim se tornou a maior maravilha da terra.
E disso (e nem de Agnaldo Timóteo) nunca mais me esqueci. Na minha lembrança, aquele circo ficou meses na Usina, mas acho que foram apenas poucos dias. Também lembro-me do ventríloquo e seu boneco que "pegava" no pé do Bocage (nunca soube o verdadeiro nome dele), que não faltava a uma sessão sequer. Um dos números toscos, de um "faquir" que se deitava sobre cacos de vidro, Gérson, Luci e eu resolvemos reproduzir. O Gérson quis protagonizar, quebrou umas garrafas velhas que tínhamos no quintal, colocou um saco de estopa (daqueles usados para transportar café) e deitou os cacos de vidro por cima. Deitou-se, de costas, e obrigou a mim (sorte dele que eu era magrelo) e a Luci a subirmos em cima dele, como vimos acontecer no circo. Resultado: uma série de arranhões nas costas dele, além de um monte de pequenos cacos de vidro enfiados na pele que eu e a Luci tivemos de retirar.
Coisas deste tipo aconteciam sempre: a gente inventava, aprontava e se dava mal, mas na maioria das vezes mamãe nem ficava sabendo. Pra se ver como éramos unidos, uma vez fiquei com pena da Luci, que precisava tomar uma série de injeções para a dor de garganta, que resolvi tomar uma delas para abreviar o seu sofrimento. Achei que iria morrer. Passei mal, tive febre, o dr. Lélio me examinou e não sabia mesmo o que eu tinha. Só mesmo eu e Luci tínhamos conhecimento do que realmente acontecera. E nunca minha mãe ficou sabendo o que realmente aconteceu naquele dia...

6 comentários:

Anônimo disse...

Amor, mto 10 o circo que vcs faziam na infância!!!!
Acho que mtas vezes o mais gostoso nisso são as coisas que a gente qdo criança apronta escondido dos nossos pais!!!!!
Que nossas filhotas não nos ouça...rsrsrsrsrs
Sao lembranças maravilhosoas que fazem parte de nossas vidas e que jamais saem de dentro de nós...
Amo vc demais!!!!!
(sua esposa Elaine)

Mineiras, Uai! disse...

Ola Sidnei! Adorei os seus comentarios. Apesar de meus textos nao serem nada informativos, pelo menos destrai a cabeca dos bitolados em noticias. E o que eu acho! Amei o seu blog e seus textos, vc e foda! Ate mais. Vou dar um alo pra Dona Elizabeth por vc, ok!

Dodo..

Mineiras, Uai! disse...

OI Sidney! Nossa, que bagunça, heim? Essa dos cacos de vidro me arrepiou a espinha... Coitada da sua mãe, vcs eram muito capetas! Excelente texto, vc é muito bom contador de histórias!
Bjos
Ana Letícia
http://mineirasuai.blogspot.com

Anônimo disse...

Sidney

Gosto de ver nossa gente se comunicando.

Parabéns. Falei com minha filha Darlene que encontrei-me com você na internet e ela ficou alegre.
Escrevo 'memórias" e qualquer dia passarei alguma coisa para você.

Altayr Ribeiro da Silva

Anônimo disse...

parabens,sidney,falar da usina junqueira é muito orgulho pra mim e minha familia que ainda mora la dentro.meu pai esta completando 64 anos de trabalho na usina junqueira (walter nirschl) ainda esta em atividade,firme, eu (marcao) moro em uberaba com a familia. trabalhei muito tempo junto com seu irmao na padaria do zé elpidio na praça. um abraço
marcos nirschl e familia, e parabens pelo site.

Anônimo disse...

parabens,sidney,falar da usina junqueira é muito orgulho pra mim e minha familia que ainda mora la dentro.meu pai esta completando 64 anos de trabalho na usina junqueira (walter nirschl) ainda esta em atividade,firme, eu (marcao) moro em uberaba com a familia. trabalhei muito tempo junto com seu irmao na padaria do zé elpidio na praça. um abraço
marcos nirschl e familia, e parabens pelo site.