Quando eu tinha uns três ou quatro anos, lembro-me bem, todos os meses era levado à Casa da Criança (ou Posto de Puericultura, como mamãe fazia questão de chamar), localizada em Igarapava. Ali chegava e era chamado pelo carinhoso apelido de "Cinquinho". Acontece que os médicos garantiam, com a anuência de minha mãe, que eu tinha nascido após apenas cinco meses e cinco dias de gestação. Pelo que contam, eu era muito pequenininho, mesmo aos cinco anos era bem menor que os outros garotos da mesma idade. Era "Cinquinho" pra lá, "Cinquinho" pra cá. Um dia, eu devia ter uns cinco anos já, numa de minhas últimas idas à Casa da Criança, o médico que lá estava mostrou-nos (a mim e a minha mãe) um bebê bem pequeno, no colo da mãe. E adiantou: "Ele já tem mais de um ano mas, assim como você, também nasceu prematuro e parece uma criança de alguns meses". Não sei se nasci realmente de cinco meses, mas como no filme "O Homem que Matou o Facínora", se a lenda for melhor do que a história, publique-se a lenda. E de tanto ouvir que nasci com um palmo de tamanho, que era colocado em uma caixa de sapatos, que só dormi até por volta de quatro meses de vida, vou levando assim, pois isso foi proveitoso para mim em várias fases da vida.
Acontece que, desde o nascimento, só aceitei um tipo de alimentação: leite materno, diretamente do produtor ao consumidor. Nunca aceitei chupetas ou mamadeiras (dava um trabalhão pra tomar água, suco ou chá, mamãe dizia). Então, pendurava-me nos fartos seios de minha mãe e só me saciava depois de passar por um e por outro. E isso foi até quando eu tinha seis anos. Como entrei no Parque Infantil (era assim que chamavam a pré-escola lá onde nasci) com cinco anos, saía todos os dias correndo pra mamar! Mamãe sentava-se numa cadeira e eu ficava de pé. E, por causa disso, era só qualquer mãe, por razões que só ela sabia, não poder amamentar o bebê que iam atrás da dona Altiva. Com isso, mamãe amamentou quase toda a criança da minha geração que nasceu na Usina Junqueira. Eu tinha ciúmes, mas a voz doce da mamãe explicando-me que não poderia deixar o bebezinho passar fome e que não faltaria leite pra mim era suficiente pra que eu não abrisse um berreiro.
E ela já tinha um precedente. Um dia, quando amamentava a filha de uma vizinha com minha irmã Luci no colo (que devia ter mais de um ano), não pôde evitar que esta última aplicasse um dolorido tapa no rostinho do bebê, deixando a marca de seu ciúme. Dizia minha mãe que a garotinha nunca mais mamou no peito, aceitando de bom grado a mamadeira com leite de vaca mesmo. Continuando: mamãe jamais pensou em desmamar aquele menino que chegava em casa dizendo que namorava a filha do diretor do Grupo (nunca me esqueço da Albinha, de quem nunca chegava perto, enquanto ela ficava me olhando só de longe; todos na Usina diziam que éramos namorados), com ares de gente grande. Quando caí do muro (tinha uns quatro anos), fiquei uns minutos desacordado e, ao voltar pra casa, depois de medicado, o que aconteceu? Fui me aninhar no colo de mamãe e mamar, nos dois seios.
Pois um dia, mamãe interrompeu a sessão e nunca mais permitiu que eu mamasse. Não adiantavam choramingos, pedidos, beicinhos e muxoxos. Nunca mais permitiu o acesso do caçulinha ao maior prazer que ele teve nos seus primeiros seis anos de vida. Anos mais tarde revelou a razão: disse que eu dera uma mordida no bico do seio esquerdo "que quase arrancou". Ela disse que viu estrelas, sentiu uma dor enorme e, por isso, tomou aquela atitude. Juro que não me lembro desta mordida. Pra encerrar, uma tese que desenvolvi: se nasci prematuro e pequeno, pra chegar neste meu tamanho, só pode ter sido por causa dos seis anos de leite materno. Além das vitaminas que minha mãe sempre me obrigava a tomar. Aliás, eu acho que sou o único que, quando criança, adorava Emulsão de Scott. Pois tomava (e adorava) um vidro grande por semana, além de farinhas, óleos e comprimidos que mamãe jogava-me boca abaixo. E tudo veio a explodir aos 11 anos, quando comecei a engordar e não parei mais...
Um comentário:
oi..lendo a sua historia,me lembrei da minha filha caçula que mamou ate aos 5 anos de idade...ela tbm era grande e eu podia estar onde fosse,ela se encostava em mim e mesmo de pe começava a mamar....lembro que eu deitava na cama,e ela vinha por cima de mim e deita e começava a mamar...ela era quase do meu tamanho...rsrsrs...hj ela e uma linda menina de 9 anos e saudavel,tirando o problema de bronquite que ela tem....muito legal saber que vc tbm mamou ate os 6 anos....beijos em seu coraçao....Hebe
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